23 de abr. de 2016




Era feliz e não sabia.

O sabiá laranjeira
Cantou a despedida
A água da corredeira
Secou, morreu na descida

 A casa caiu, muro desabou
O mato cobriu o gramado da descida
A manga rosa não vingou
Ficou a lembrança do sorriso da menina

Debaixo dos escombros
Ainda ouço vozes de jovens felizes
Ainda ouço juras de amor, vejo quedas e tombos
Vejo ruivas, morenas, vestimenta de todos matizes

Dói mergulhar em um passado
Que o temido tempo levou,
Essa alva e clara tez desse dia embaçado
Ficou como uma ausência sem fim, da noite que passou
nos cabelos brancos de uma saudade!


Uma saudade que vem trazendo
Lembranças que nunca esquecerei
Deste lugar, solo sagrado da minha infância
Castelo de amor, fraterno, materno, simples brejeiro.
Onde sonhos foram criados, amores surgiram do nada
E em nada se tornou

E o tempo mais ligeiro
Levou embora, só resta ruínas e lembranças
Levou a vida que eu não queria
E hoje depois de muitas andanças
Descobri que era feliz e não sabia.

Josemar


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